O cenário surpreendente das eleições primárias na Argentina, chamadas PASO, com o economista de direita Javier Milei na liderança, começou a se reorganizar após o primeiro impacto, segundo as pesquisas analisadas pela CNN e especialistas consultados pela reportagem.
Pouco mais de um mês após as primárias, a CNN elenca abaixo quem é o favorito para vencer as eleições gerais e quem são os potenciais candidatos a um segundo turno.
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Relembrando números das primárias
Nas eleições primárias, Javier Milei obteve 29,8% dos votos, seguido pela coalizão Juntos pela Mudança, com 28% — divididos entre Patricia Bullrich (16,81%) e Horacio Rodríguez Larreta (11,19%).
Por fim, a coalizão Unión por la Patria ficou com 27,3% dos votos. Ela incluía Sergio Massa (21,43%) e Juan Grabois (5,85%).
Ainda assim, aquele dia não pode, necessariamente, ser tido como resultado futuro. Em primeiro lugar, porque foram disputadas eleições internas do partido, e nada garante que quem votou no candidato perdedor de uma coalizão vote novamente dentro do mesmo partido.
Segundo uma pesquisa recente do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (Celag), quase 16% dos eleitores não sabem se vão repetir o voto e mais de 2% estão determinados a alterá-lo.
Além disso, o nível de abstenção foi recorde, e a tendência histórica é de aumento da participação nas eleições gerais.
Javier Milei, o favorito: consolida sua liderança e cresce
Há consenso entre pesquisas e especialistas: Javier Milei é o favorito para vencer as eleições gerais em outubro, embora, segundo as projeções, não consiga vencer no primeiro turno.
Com pelo menos 33% das intenções de voto, segundo o Celag, o economista que se define como “libertário” cresce cerca de quatro pontos em relação ao seu resultado nas primárias.
Enquanto isso, Sergio Massa segue com 32,2%, e, bem mais atrás, Bullrich tem 28,1% das intenções de voto.
A pesquisa mais recente da Giacobbe & Asociados mostra Milei ainda mais competitiva, atingindo 33,9% das intenções.
Segundo a diretora da Management & Fit, Mariel Fornoni, o eleitorado responsabiliza tanto o partido no poder como o governo anterior pela situação atual do país e deixa o candidato de La Libertad Avanza numa posição de conforto.
Patricia Bullrich, líder do Together for Change, se complica
Segundo a projeção do Celag, que coloca Patricia Bullrich em terceiro lugar, com 28% dos votos, a candidata é quem mais perdeu depois das primárias. Os dados coincidem com a opinião dos analistas.
“Era esperado, mesmo antes das primárias, que a Cambiemos tivesse dificuldade em reter o voto entre os seus candidatos, porque as diferenças que manifestavam todos os meses antes daquela eleição faziam com que os eleitores não se identificassem entre si, somados ao resultado eleitoral que não foi visto com bons olhos”, diz Federico Aurelio, presidente da consultoria Aresco-Julio Aurelio.
Facundo Nejamkis, diretor da Opina Argentina, mantém a mesma linha: “Quem mais sofre com a fuga de votos é o Juntos por el Cambio”, afirma.
“Ter ficado abaixo das expectativas é sempre um problema, além de perder o posto de ser a força de oposição com mais votos”, complementa.
Mas a pesquisa de Giacobbe traz uma oportunidade para a líder do PRO. Nessa pesquisa, Bullrich prevalece sobre Massa, embora com uma diferença que os deixe em empate técnico: 27,8% contra 27,4%, respectivamente.
“Milei e o peronismo conseguem reter seus eleitores. Bullrich também tem os seus, mas os de Larreta lhe custaram um pouco mais, embora ele esteja melhorando”, diz Aurélio.
Cenário de segundo turno entre Milei e Massa
Segundo levantamento do Celag, o segundo turno hoje seria entre Javier Milei e Sergio Massa.
Já a projeção da Giacobbe deixa a disputa em aberto: Milei está assegurado no segundo turno, mas, com diferença de apenas 0,4 pontos percentuais, o segundo lugar não parece garantido.
Os analistas consultados pela CNN Fornoni, Nejamkis e Aurelio, inclinam-se para o primeiro cenário, embora com um paradoxo: Massa tem mais chances de entrar no segundo turno, mas Bullrich tem mais chances de vencê-lo.
Mas ainda há um longo caminho a percorrer. Neste domingo (1°) acontecerá o primeiro debate presidencial, que certamente voltará a agitar o cenário.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
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