Se existe um período que é complicado para a maioria das mulheres, é a TPM (tensão pré-menstrual). O conjunto de sintomas psicológicos, físicos e comportamentais ocorre de três a dez dias antes da menstruação e termina após o fim do ciclo, explica a ginecologista Natalia Castro, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Mas, afinal, por que a TPM afeta tanto o humor feminino?
De acordo com a endocrinologista Paula Pires, membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), durante a fase lútea, que envolve o período entre a ovulação e a próxima menstruação, os níveis de progesterona aumentam significativamente, enquanto os de estrogênio diminuem.
“Essa mudança nos níveis hormonais pode afetar os neurotransmissores no cérebro, como a serotonina, que desempenham um papel importante na regulação do humor. A diminuição da serotonina pode levar a alterações de humor, como irritabilidade, ansiedade e tristeza. Além disso, algumas mulheres passam pelos sintomas físicos, como dores de cabeça, inchaço, fadiga, dores musculares e cólicas menstruais, que podem ser desconfortáveis, interferindo no bem-estar geral e afetando o humor.”
Tais sintomas costumam se intensificar de dois a três dias antes da menstruação.
A endocrinologista Isis Toledo, também da SBEM, afirma que algumas mulheres podem ter maior probabilidade de apresentar sintomas graves se tiverem histórico de depressão, ansiedade ou outras condições menstruais.
Paula explica ainda que a TPM pode gerar sintomas depressivos, mas não é a única causa do transtorno, que é multifatorial, envolvendo fatores biológicos, psicológicos e sociais.
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“Alterações da tireoide, da adrenal, da hipófise e de hormônios sexuais podem dar sintomas depressivos, principalmente por regularem neurotransmissores cerebrais.”
Em alguns casos, as mulheres podem apresentar sintomas mais intensos, na chamada TDPM (tensão disfórica pré-menstrual), que afeta cerca de 8% das mulheres, conforme Natalia, levando à uma incapacidade social, escolar ou laboral.
Os sintomas podem incluir mudanças de humor extremas, irritabilidade, ansiedade, depressão, tensão e raiva.
“Grande parte das mulheres que são gravemente afetadas pela TPM, na realidade, sofre com um transtorno disfórico pré-menstrual não diagnosticado”, alega Isis.
As especialistas dizem que, embora as causas da TDPM não sejam totalmente esclarecidas, estudos sugerem que essa flutuação hormonal possa influenciar a atuação da serotonina, da dopamina e da noradrenalina.
Segundo Natalia, pesquisas mostram que os antidepressivos são inibidores seletivos da recaptação de serotonina e reforçam a ideia de que as mulheres que sofrem com a TDPM têm níveis de serotonina reduzidos.
Para aliviar os sintomas da TPM, de modo geral, Paula aconselha um cuidado maior com a alimentação, evitando-se alimentos ricos em açúcar, gorduras trans e ultraprocessados e dando-se preferência a frutas, verduras e legumes ricos em fibras. Também é recomendável praticar exercícios regularmente, gerenciar o estresse, evitar o consumo de cafeína, álcool e tabaco e verificar a necessidade de suplementação vitamínica.
As especialistas recomendam a conversa com cada paciente para que sejam consideradas as melhores opções para lidar com as oscilações de humor provocadas pela TPM. Entre os tratamentos estão o uso de anticoncepcionais de uso contínuo, de sistema intrauterino de liberação hormonal e o uso de implantes hormonais subcutâneos. A depender do caso, pode ser necessária a prescrição de antidepressivos.
TPM afeta 80% das mulheres. Saiba como controlar seus sintomas: