Hábito de 71,1 milhões de consumidores, dividir o valor de uma compra em várias prestações virou um costume aliado das famílias e do comércio, revela pesquisa realizada pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito).
Segundo o levantamento, mais da metade dos consumidores (51%) tem prestações de compras no cartão de crédito, cartão de lojas, crediário ou cheque pré-datado a pagar.
“Por meio do crédito, é possível antecipar a compra de bens que, de outro modo, só seriam conquistados após longo tempo de poupança. A pesquisa mostra que tanto o consumidor brasileiro quanto o varejo se beneficiam dessa modalidade de pagamento”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
O estudo surge em meio a propostas para extinguir o parcelamento sem juros no cartão de crédito, medida com potencial de atingir o bolso das famílias e prejudicar o volume de venda dos comerciantes.
Os entrevistados afirmam ainda que possuem em média 5,6 parcelas de compras no crédito, número que corresponde a uma prestação a mais na comparação com 2022. A forma preferida de parcelar compras é o cartão de crédito, recurso de 73%, seguido a distância pelo Pix parcelado (9%).
Conforme a pesquisa, os tipos de crédito mais utilizados nos últimos 12 meses foram cartão de crédito (78%), empréstimo pessoal (25%), cheque especial (22%), Pix parcelado (22%) e crediário (19%).
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No momento do levantamento, 80% dos consumidores pretendiam realizar compras parceladas no mês posterior à pesquisa, sendo 23% com roupas, calçados e acessórios, 20% com eletrônicos e 15% com eletrodomésticos.
Considerando os três meses anteriores à pesquisa, realizada em julho, 58% dos entrevistados afirmam que evitaram pelo menos alguma compra no crédito, sobretudo no cartão de crédito parcelado (25%), cartão de crédito à vista (18%) e financiamento (15%).
Entre os entrevistados que evitaram compras a prazo, o medo de se desorganizar com o pagamento das parcelas e extrapolar o orçamento é o principal motivo para evitarem o pagamento no crédito (43%), seguido de 43% que relatam já possuir muitos compromissos financeiros a pagar e 22% que estão com as contas em atraso.
Prestações
A pesquisa mostra ainda que, para decidir sobre a contratação de uma modalidade de crédito, seja empréstimo, financiamento, cheque especial ou rotativo do cartão, 77% afirmam que verificam as tarifas e/ou juros cobrados ao contratar um crédito, seja os juros (54%) ou as tarifas (46%), enquanto 17% admitem não avaliar.
Os dados mostram que quase a metade dos entrevistados (49%) realiza o controle do pagamento das compras parceladas, sendo que 24% anotam em um caderno, agenda ou papel, 15% anotam em planilha no computador e 10% registram em aplicativo para finanças no celular. Por outro lado, 51% não fazem controle dos gastos.
O levantamento revela também que 52% dos entrevistados estão com até 75% da sua renda mensal comprometida com pagamento de dívidas em atraso. Para a especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, o controle efetivo dos gastos é importante para que o consumidor não comprometa todo o orçamento com dívidas.
“Ao assumir um novo compromisso financeiro, é preciso ter em mente os compromissos já assumidos, além dos gastos do dia a dia, que não podem ser esquecidos. Se as parcelas consomem todo o orçamento, os atrasos começarão a surgir, trazendo despesas com juros e impondo a necessidade de fortes ajustes de gastos e renegociações”, alerta ela.
A pesquisa mostra os riscos da contratação de crédito pelo consumidor, uma vez que 34% admitiram ter ficado com o nome sujo devido à inadimplência no pagamento das compras parceladas feitas nos últimos 12 meses, sendo 21% devido ao cartão de crédito. Entretanto, 60% não foram negativados.
A queda de renda (17%), o desemprego (16%) e a necessidade de economizar e deixar de comprar coisas de que gosta para o pagamento da dívida (13%) são as principais barreiras para quitação das dívidas em atraso.
Para a decisão sobre o crédito e a contratação, o montante de juros é o principal critério considerado pelos consumidores (43%). Em seguida, aparece o conhecimento do orçamento para saber se conseguirá pagar as parcelas mensalmente (37%) e o valor de todas as tarifas cobradas (37%).