Um caminhão com cartazes passou perto do campus de Harvard na última quarta-feira (11) exibindo nomes e fotos de estudantes de Harvard que assinaram uma declaração culpando apenas Israel na guerra contra o Hamas.
O caminhão apareceu dias depois que os Grupos de Solidariedade à Palestina de Harvard, uma coalizão de grupos estudantis da universidade, divulgaram uma declaração que considerava “o regime israelense inteiramente responsável por toda a violência que se desenrolou”, após os ataques do Hamas que mataram mais de 1.200 israelenses e mais de 25 cidadãos norte-americanos.
Mais de 1.400 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza após ataques israelenses.
Desde então, alguns estudantes e seus grupos se distanciaram ou retiraram seu endosso à declaração em meio a uma intensa reação dentro e fora de Harvard. Vários disseram que não leram o documento antes de assiná-lo.
Uma organização conservadora sem fins lucrativos disse que organizou o protesto divulgado os nomes e imagens de alunos em um cartaz que diz: “Os principais antissemitas de Harvard”.
A CNN não verificou de forma independente se os alunos citados estavam associados à carta.
O presidente do grupo disse em uma postagem no X, plataforma anteriormente conhecida como Twitter, que o grupo “está removendo os nomes dos alunos dos grupos que resolveram sair, mas também adicionando novas pessoas a cada hora”.
A Havard Hillel, organização estudantil judaica, condenou o protesto e as tentativas de intimidar os signatários.
“A Harvard Hillel condena veementemente qualquer tentativa de ameaçar e intimidar os co-signatários da declaração do Comitê de Solidariedade à Palestina, incluindo o caminhão no campus que estava exibindo os nomes e rostos de estudantes afiliados aos grupos que a assinaram”, afirmou a organização em comunicado publicado em seu site.
“Continuaremos a rejeitar a declaração do Comitê de Solidariedade à Palestina nos termos mais enérgicos – e a exigir responsabilização daqueles que a assinaram”, acrescentou a declaração. “Mas sob nenhuma circunstância essa responsabilização deve estender-se à intimidação pública de indivíduos.”
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O responsável pelo setor jurídico de Harvard, Laurence Tribe, também criticou as tentativas de expor os estudantes, dizendo à CNN em um e-mail que nomear e envergonhar os estudantes, bem como “rotulá-los como antissemitas enquanto postam suas fotos para colocar alvos em suas costas” é “muito mais perigoso do que útil”.
A publicação de informações pessoais, como endereços residenciais ou números de telefone, tem sido uma tática usada por grupos de extrema direita há anos para intimidar ativistas palestinos e aliados, de acordo com um atual estudante de Harvard, que é de ascendência palestina, e falou com a CNN sob condição de anonimato.
Na esteira da reação, pelo menos oito dos 34 grupos de estudantes de Harvard co-assinantes originais retiraram sua assinatura da declaração na tarde de quarta-feira, de acordo com o jornal estudantil “Harvard Crimson”.
A atitude de alguns grupos de estudantes também ocorre depois que o bilionário CEO da Pershing Square Capital Management, Bill Ackman, e vários outros líderes empresariais exigiram que a Universidade de Harvard divulgasse os nomes dos estudantes signatários para que eles soubessem que não deveriam contratá-los.
Numa publicação no X na quarta-feira, o famoso economista e ex-presidente de Harvard, Larry Summers, que criticou a declaração, acrescentou que “não é um momento em que seja construtivo difamar os indivíduos”.
“Por favor, todos respirem fundo”, escreveu ele. “Muitos nestes grupos nunca viram a declaração antes de ser divulgada. Em alguns casos, aqueles que aprovaram não entenderam exatamente o que estavam concordando. Provavelmente alguns foram ingênuos e tolos.”
Harvard encaminhou o pedido da CNN para comentar sobre o protesto da última quarta-feira para uma carta escrita à comunidade de Harvard e compartilhada pela vice-presidente executiva, Meredith Weenick, que disse que a universidade “leva a sério a segurança e o bem-estar de cada membro de nossa comunidade”.
“Não toleramos nem ignoramos a intimidação”, escreveu Weenick. “Não toleramos ou ignoramos ameaças, atos de assédio ou violência.”
Ela acrescentou que o Departamento de Polícia da Universidade de Harvard “intensificou sua presença de segurança no campus e continua monitorando a atividade online em busca do potencial de qualquer ameaça específica à comunidade ou aos indivíduos no campus”.
Weenick também incluiu um link para recursos de orientação sobre assédio cibernético e outras ameaças eletrônicas em seu memorando.
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Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
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