A ministra do Planejamento, Simone Tebet, negou interferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liberação do empréstimo da Corporação Andina de Fomento (CAF) à Argentina.
“Lula não me ligou”, disse Tebet à CNN. “Despachei com minha secretária de assuntos internacionais, que disse que os demais países votariam a favor”, completou.
A ministra acrescentou que também não tratou do assunto com o presidente presencialmente e que não consultou o titular da Fazenda, Fernando Haddad.
A secretária mencionada por Tebet é Renata Amaral, de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento do ministério. Amaral decidiu o voto do Brasil em consultas com a área técnica do Itamaraty e da Presidência.
O jornal “O Estado de S. Paulo” revelou que Lula teria interferido para liberar um empréstimo da CAF à Argentina, o que facilitou a renegociação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), favorecendo o candidato peronista Sergio Massa. Os argentinos vão às urnas no próximo dia 22.
Segundo apurou a CNN, a Argentina apresentou o pedido de US$ 1 bilhão de empréstimo à CAF no dia 28 de julho, com o compromisso de devolver o dinheiro um mês depois. O empréstimo foi pago dia 25 de agosto.
Tratava-se de uma operação triangulada, com o aval do FMI e do Banco Central argentino. O dinheiro seria utilizado para pagar a parcela atrasada para o FMI, que, por sua vez, liberaria mais recursos os argentinos, que quitariam com a CAF. Os técnicos brasileiros avaliaram que o risco era praticamente zero.
Segundo fontes do Itamaraty, o Brasil vinha fazendo gestões junto ao FMI, o Banco dos Brics e outras instâncias multilaterais para ajudar a Argentina, um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Integrantes do governo brasileiro não escondem sua simpatia por Massa e sua preocupação com a eventual vitória de Javier Milei.
Na votação do diretório da CAF, o empréstimo foi aprovado com 19 votos a favor e 2 contra. Ambos os votos contrários foram do Peru, que tem peso duplo, assim como Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia por serem membros fundadores. O Brasil tem apenas 1 voto, mesmo com 8,8% do capital do banco. É o quarto maior acionista, depois de Colômbia, Peru e Argentina.