O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (16) que vai sugerir a criação de um grupo de trabalho sobre ciência, tecnologia e inovação quando estiver na presidência do G20. A proposta tem a ver com as prioridades de Lula para o mandato à frente do grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo: combate à fome, à pobreza e à desigualdade; transição energética e desenvolvimento sustentável; e reforma do sistema de governança internacional. O Brasil assume o posto em dezembro e terá mandato de um ano.
“Na presidência brasileira do G20, vamos propor a criação de um grupo de trabalho de ciência, tecnologia e inovação para alavancar os interesses dos países em desenvolvimento nesse campo”, disse. A declaração ocorreu em Havana, capital de Cuba, onde o presidente se reúne com líderes do G77+China, grupo que reúne países em desenvolvimento que integram o sistema das Nações Unidas (ONU). A China também tem representantes no evento.
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“Ao resgatar o protagonismo do Brasil no mundo, conferimos caráter especial à cooperação científica e tecnológica entre países em desenvolvimento em nossa política externa. Daremos novo impulso a programas e projetos regionais por meio da CELAC, do BRICS e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, disse o presidente.
O presidente também defendeu a regulação de plataformas digitais para enfrentar a disseminação de desinformações no ambiente virtual. Lula citou a proposta da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que prevê a discussão de diretrizes globais para regulamentar as plataformas digitais, com o objetivo de melhorar a confiabilidade das informações e proteger a liberdade de expressão e os direitos humanos.
“O projeto de diretrizes globais para a regulamentação de plataformas digitais da Unesco equilibra a liberdade de expressão e o acesso à informação com a necessidade de coibir a disseminação de conteúdos que contrariam a lei ou ameaçam a democracia e os direitos humanos”, disse.
Ele também defendeu a ideia de estabelecer um painel científico para discussão da inteligência artificial, mas afirmou que é preciso ter a participação de “especialistas do mundo em desenvolvimento”.
“As grandes multinacionais do setor de tecnologia possuem modelos de negócios que acentuam a concentração de riquezas, desrespeitam as leis trabalhistas e, muitas vezes, alimentam violações de direitos humanos e fomentam o extremismo”, afirmou o presidente brasileiro.
Assista ao discurso completo:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou rumo a Havana, capital de Cuba, nesta sexta-feira (15) para participar da Cúpula do G77+China com o tema “Os desafios atuais do desenvolvimento: o papel da ciência, da tecnologia e da inovação”.
Ainda neste sábado, Lula vai ter compromissos bilaterais. Pela manhã, às 10h30 (horário local), ele se encontra com o diretor-geral da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu. À tarde, se reúne com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, no Palácio do Governo.
Nos próximos dias, o líder brasileiro vai participar da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. A agenda deste domingo (17) e segunda-feira (18) ainda estão em aberto e, na terça-feira (19), ele faz o tradicional discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU. Essa será a oitava vez em que Lula vai abrir o evento. Nos oito anos em que governou o Brasil em seus dois primeiros mandatos, ele deixou de comparecer apenas em 2010.
Neste ano, a Assembleia-Geral da ONU contará com o anúncio de medida em conjunto do petista com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em torno de uma iniciativa em defesa do trabalho decente. Para isso, Lula deve se encontrar com Biden na quarta (20) para fechar arestas.
O trabalho decente faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU em 2015. Entre as ações propostas estão, até 2030, alcançar o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todas as mulheres e todos os homens, inclusive, para os jovens e as pessoas com deficiência, e a remuneração igual para trabalho de igual valor.