A chegada ao Brasil, nos próximos meses, de um novo medicamento para o tratamento de diabetes tipo 2 — após aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), nesta segunda-feira (25) — traz esperanças também para pacientes com obesidade. Isso porque o fármaco, a tirzepatida, também tem sido usado nos Estados Unidos em casos de obesidade, sendo esse o único remédio até o momento cujos efeitos na perda de peso se assemelham aos de uma cirurgia bariátrica.
Em um estudo realizado com mais de 2.500 pessoas obesas ou com sobrepeso e alguma doença associada, 36,2% dos participantes que tomaram injeções semanais de tirzepatida, cujo nome comercial é Mounjaro, conseguiram perder 25% ou mais do peso corporal após 72 semanas (um ano e meio).
“A cirurgia bariátrica resulta em uma redução de peso de aproximadamente 25% a 30% em um a dois anos”, sublinharam os autores no documento, publicado no ano passado no The New England Journal of Medicine.
Outros grupos analisados no ensaio clínico tomaram doses semanais de 5 mg e 10 mg. O estudo constatou que todas as três doses de tirzepatida resultaram em reduções substanciais e sustentadas no peso corporal, com a dose mais alta (15 mg) mostrando maior efeito.
Para efeito de comparação, o artigo cita a semaglutida (Wegovy).
Pacientes que fazem uso semanal de 2,4 mg de semaglutida — o mesmo princípio ativo do Ozempic, mas em dose maior — conseguiram uma redução média do peso de 12,4%. Um terço, porém, conseguiu emagrecer 20% ou mais.
Os dois remédios são prescritos com indicações de mudanças na alimentação e prática regular de exercícios físicos como parte do tratamento.
A tirzepatida difere da semaglutida em seus mecanismos de ação, pois age em duas frentes.
O remédio é um “receptor dual de polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose”, o GIP. Este é um hormônio que é liberado pelo intestino em resposta à ingestão de alimentos, especialmente glicose (açúcar).
Ele estimula a secreção de insulina pelo pâncreas, o que ajuda a reduzir os níveis de açúcar no sangue após as refeições.
Portanto, a tirzepatida tem a capacidade de interagir com os receptores para o GIP.
Em segundo lugar, é também um agonista do receptor de peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), função que também é da semaglutida.
O GLP-1 é outro hormônio liberado pelo intestino em resposta à ingestão de alimentos. Ele desempenha um papel importante na regulação dos níveis de açúcar no sangue, uma vez que estimula a liberação de insulina e reduz a liberação de glucagon, que é outro hormônio que aumenta os níveis de açúcar no sangue.
Um agonista do receptor GLP-1 é uma substância que imita a ação do GLP-1, ou seja, ela atua nos receptores GLP-1 do corpo como se fosse o próprio hormônio.
Estudo recente, conduzido pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e pela organização global de saúde pública Vital Strategies, revelou que 56,8% dos brasileiros estão com sobrepeso ou obesidade.
Também foi identificado que 10,3% da população tem diagnóstico médico de diabetes.
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