Uma notícia inesperada abalou o mercado financeiro. Em julho, a Justiça do estado de São Paulo proferiu uma sentença histórica ao decretar a falência da renomada empresa Agropecuária Tuiuti S/A, popularmente conhecida como Shefa.
A companhia, cuja sede e fábrica estão localizadas em Amparo, no interior paulista, enfrentava uma batalha judicial há quase seis anos desde a apresentação de um pedido de recuperação judicial, alegando uma dívida monumental de R$ 222 milhões.
O veredito, emitido pelo magistrado Fernando Leonardi Campanella, titular da 1ª Vara do Foro de Amparo, revelou indícios claros de fraude que permearam o processo de recuperação judicial da empresa. De acordo com a decisão, os atuais proprietários da Shefa foram flagrados se beneficiando como credores no decorrer do processo de reabilitação financeira, desencadeando uma quebra de confiança que culminou na decisão de falência.
Apesar da medida drástica, a determinação judicial visa assegurar a continuidade temporária das operações da companhia com o intuito de preservar os empregos dos mais de 300 funcionários e, simultaneamente, beneficiar a coletividade de credores.
Durante o período de liquidação e com a exoneração da antiga administração envolvida nas práticas fraudulentas da recuperação judicial, a Shefa passará por uma administração sob a supervisão da FK Consulting, nomeada gestora judicial.
O juiz Campanella enfatizou que “o funcionamento provisório, portanto, visará como resultado a diminuição das obrigações financeiras, ou ao menos, a prevenção do seu crescimento exponencial; a otimização dos ativos; e abrirá espaço para atrair eventuais interessados na aquisição de todo o complexo produtivo durante esse período, resolvendo assim uma parte substancial do processo de falência de uma única vez e economizando valiosos anos de trâmites judiciais”.
Próximos passos da Shefa
Em entrevista ao Agro Times, Frank Koji Migiyama (FKConsulting), indicado judicialmente como CEO interino da Shefa, detalhou o plano de recuperação da empresa.
“A Shefa conta com capacidade para produzir 30 milhões de litros de produtos, mas atualmente produzimos menos de 1/3 desse total. No entanto, apesar da falência continuada ser pouco conhecida, nós seguimos com a nossa operação e atendendo clientes. Houve apenas uma transição, com a empresa sob uma nova direção”, explica.